Vinopoly

terça-feira, 20 de março de 2012

COMO RECONHECER OS VINHOS FALSOS (e como falsificar)


O garotão se chama Angeleno Rudy Kurniawan, 35 anos, chinês-indonésio emigrado para Califórnia, considerado um dos maiores colecionadores de vinhos da Borgonha. E também um dos maiores fraudador do mundo do vinho.
O sujeito já tinha sido pego vendendo vinhos de safras nunca produzidas (por exemplo, um Domaine Ponsot 1929, sendo que a vinícola começou a engarrafar em 1934, e outros casos similares) até ser definitivamente preso e levado para cadeia na semana passada.

Esta matéria publicada pelo Business Week fala sobre isto e, sobretudo, sobre os truques mais na moda para falsificar garrafas de prestígio; achei bem interessante e resolvi fazer uma tradução sumária para vocês.
Enjoy.

"Na semana passada o FBI prendeu um milionário de 35 anos, comerciante de vinho suspeito de tentar vender US $ 1,3 milhões em vinhos falsificados. Este caso notável é apenas o mais recente exemplo de um tipo de fraude que se espalhou para todos os cantos do mundo do vinho nas últimas décadas, a partir da expansão do mercado chinês até o circuito de leilões internacionais.

Tendo em conta os preços que os colecionadores estão dispostos a pagar para garrafas de faixa alta – por exemplo, garrafas de grand crus franceses da safra 1982 com valores entre US $ 2.000 e $ 5.000 dependendo da confiabilidade da fonte – a comercialização de vinho falsificado pode ser um negócio muito rentável. Fraudadores aspirantes precisam apenas de um pouco de know-how e algumas centenas de dólares de custos de arranque. Segue um resumo sobre algumas de suas técnicas.

Escolha o tipo de vinho alvo:
As safras mais antigas são mais fáceis de falsificar. Costumam permanecer fechadas nas adegas como itens de colecionadores. E até mesmo estando bêbados, os conhecedores entendem que o vinho dentro da garrafa pode ter mudado ao longo do tempo; chega um certo ponto em que o gosto não é indicador confiável de autenticidade.

Os métodos:

1) Re-rotulagem: os mais simples e possivelmente mais cruel modo para falsificar vinho é botar o rótulo de um vinho prestigiado em um outro vinho com a garrafa similar (formas de garrafa tendem a variar por região – confira aqui - Ndt). Para enganar os conhecedores, que iriam perceber logo provado o líquido fraudulento, os falsificadores mais diligentes vão usar uma garrafa do mesmo vinho, mas de uma safra menos aclamada.

Requisitos: garrafa nova; rótulo original. 
Prós: relativamente simples e barato. 
Contras: Uma olhada para a rolha, que leva na cortiça nome e safra do vinho, e a festa acabou.


2) Reciclagem: Este método requer o uso de garrafas autênticas, devidamente rotuladas, e safras de grande valor, preenchidas com vinho de qualidade inferior, se não com porcaria mesmo. O fato que garrafas vazias do Chateau Lafite-Rothschild 1982 possa valer 1,500 dólares no mercado negro pode ser uma evidência da popularidade deste método. Tampar novamente as garrafas, de preferência com rolhas originais, requer um equipamento especial. A cápsula deve então ser enfiada sobre o topo da rolha. Cápsulas de vinhos de qualidade são feitas de alumínio ao invés de plástico, o que torna mais fácil extraí-las de uma garrafa e colocá-las sobre uma outra.

Requisitos: garrafa original; rolha original; vinho substituto; maquina para engarrafar.
Prós: pouca evidência de adulteração; evita as contramedidas (como micro-incisões e marcas ultravioletas) que os fabricantes começaram a colocar em suas garrafas no final dos anos 80 para combater a falsificação.
Contras: A prova está no próprio vinho, e um substituto convincente pode ser caro.


3) Fraude inversa: um método raro, mas audacioso. Franck Bourrières de Prooftag, uma empresa que fornece sistemas de autenticação tecnologicamente avançadas para vinícolas, uma vez me contou sobre um caso recente em que um comprador comprou uma garrafa de um vinho autêntico através de um notório vendedor on-line. Com o vinho entregue, o comprador pediu para a venda ser cancelada, pois ele tinha razão para acreditar que a garrafa fosse falsa. O comprador então enviou uma garrafa falsa de volta para o vendedor, mantendo pra ele a garrafa autêntica.

Requisitos: Custo da garrafa original (será recuperado quando a garrafa é devolvida); garrafa falsificada (veja acima). 
Pros: Se o lance funcionar, o fraudador cobriu com sucesso seus rastros.
Contras: a técnica não facilmente adaptável para larga escala.

Toque mágico:
Uma vez que o sucesso do engano depende inteiramente da qualidade do vinho substituto, os falsificadores às vezes tomam medidas adicionais para tornar o sabor do próprio liquido o mais semelhante possível ao original. Isso requer um know-how incomum e pode ser bem caro. De acordo com um artigo publicado no volume de 2006 do World Forensic Science, a adição de uma pitada de Pomerol a um Château Petrus del 1960, por exemplo, pode fazer que pareça com o mais desejável Petrus 1961. Os fraudadores podem também adicionar açúcar ou água se for necessário para aproximar o sabor, mas estes métodos são de pouca utilidade para um falsificador sem um paladar educado."

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